segunda-feira, 19 de março de 2012

ÁGUAS DE MARÇO FECHANDO O VERÃO E ME CARREGANDO...



Lembrei hoje de um fato interessante que aconteceu na minha vida e que muitos que me conhecem já ouviram essa história, os que nunca ouviram de minha boca irão conhece-la agora.

   Nos meus 16 anos de idade em Uruburetama descobri uma coisa que me dava um imenso prazer que era.. desobedecer a minha avó (embora no final eu tomasse uma surra boa até de rabo de tejo). Rebeldia, andando de jeans rasgado e ouvindo muito Heavy Metal acreditava que esse era o caminho da vida.
  Era um Domingo de agosto, as chuvas ainda não tinham acabado e fui convidado naquele dia por alguns amigos a ir visitar uma cachoeira lá no sitio do Geraldino (pai de um colega meu de escola, gente boa por sinal).
Seria um dia de aventura (um detalhe que vale deixar claro, dos meus 15 para 19 fazia muita trilha com esse mesmo grupo de amigos, íamos para cachoeiras, rios, sítios, serras onde talvez existisse um vulcão e etc), iamos conhecer uma caverna que tinha no alto dessa cachoeira onde havia muitos morcegos ( se tem um bicho que me traumatizou a vida toda foi morcegos, quando tinha meus 5 a 6 anos de idade, dormia em uma cama com um véu enorme e redondo em cima, a casa era lotada de morcegos e sempre por volta de 4 ou 5 da manhã tinha um grudado no véu chiando e me dando sustos).


 Iam Eu, George Kid, Davigorn, Gleydstone, Filipox, Capela e Antonilo. Davigorn ia portando um facão para ir tirando o mato do caminho e George Kid ia levando uma máquina fotográfica para registrar o momento mor do desbravamento.
   Ao chegarmos lá, ficamos brincando um pouco na queda d'água da cachoeira e depois subiríamos. Lembro que então começamos uma guerra de barro, era gente jogando barro nas costas do outro que ficava vermelho um barro pesado pra caraio e até conseguimos tirar fotos de barros voando em direção a seu alvo, Enfim, logo começou a cair uma chuvinha leve que logo de imediato foi ignorada por todos os intrépidos aventureiros, isso não iria deter os valentes a subirem a cachoeira. A água que caia da cachoeira era muito pouquinha e dava claramente pra chegar lá no topo rapidinho. Estávamos errados....

Em pouquíssimo tempo aquela quedinha de água virou uma cachoeira furiosa com correntezas fortíssimas onde cada pancada d água nas pedras criavam uma correnteza de mais de um metro de altura (isso não é invenção). Então eu no meio do caminho, vendo aquela correnteza forte do jeito que tava arriei e chamei Felipox e Gleydstone para voltar, pois pra mim sair daquela correnteza era a coisa mais sensata ( e mais segura) a ser feita. Felipox e Gleydstone concordaram e resolveram voltar junto comigo.... pra que eu fui voltar.

Para sair da bendita cachoeira precisava se feita pelas laterais da cachoeira. Coisa bem difícil naquela ocasião já que teria que se passar no meio da correnteza. Felipox conseguiu passar, pois como tinha as pernas muito longas (igual ao Garibaldo) foi quase fácil (se não fosse o fato de quase ser levado pela correnteza) em seguida foi Gleydstone que, também quase foi levado pela correnteza. Então chegou a minha vez.....

Eu com as pernas curtas, embora não tão redondo mas era um pouco redondo (hoje em dia todos me chamariam de magro) e sem muita experiencia de quase-morte tava na cara que eu iria ser levado pela correnteza no meio do pulo.

Enquanto isso, Davigorn e os outro estão quase chegando a bendita caverna que a correnteza derruba Davigorn que fica segurando o facão em uma mão e com outra segurando uma pedra enquanto pedia ajuda e suas calças quase sendo arratadas pelas águas. Detalhe, Antonilo apenas riu de Davigorn.

Enquanto isso, eu estava lá. Cercado por dua enormes correntezas e em pé de uma pedrinha onde dava apenas para eu ficar em pé. Pus minha cachola para funcionar pois tinha que haver um jeito de sair daquela enrascada. Como estava usando uma camiseta cinza de botões, logo desabotoei a camisa, amarrei em meu braço e gritei "- Felipox, segura a outra ponta dessa camisa e amarra no teu braço, caso eu pule e a água me leve eu tenho uma segurança e assim será mais fácil de vocês me puxarem. (amarrei uma das mangas, pois a camisa desabotoada e aberta fica bem mais larga que uma camisa normal).


O plano era ótimo e tinha tudo pra dar certo.... não deu. No momento em que joguei a camisa para Felipox, ele apenas agarrou a manga da camisa e disse "- Confie em mim, Barão!"
Confiei e dei o pulo. No momento em que pulei a correnteza bateu em minha perna me desequilibrando e me levando, Felipox que apenas segurava a camisa acabou deixando a camisa escorregar e assim a correnteza me levou até o final da cachoeira.

 Vi então tudo correr mais devagar, consegui em uma fração de segundo me lembrar de várias coisas e de ter tempo de conversar comigo mesmo e de lembrar do refrão de Die Young, cantada pelo Dio em tempos de Sabbath (nesse dia, tinha acabado de conhecer o Heaven and Hell do Sabbath e passado a manhã ouvindo Die Young). É complicado você escorregar uma cachoeira, pensando em se salvar agarrando em galhos e raízes de árvores que ficavam na lateral da cachoeira e em sua cabeça ficar ouvindo o Dio cantando "die young, die young, die young". Enquanto era levado pela correnteza também ouvir Felipox gritar "- Fernalf, desce não! Sobe! se tu descer tu vai morrer!"

Enfim, cheguei ao final da cachoeira e fiquei submerso na água durante uma eternidade ao meu ponto de vista.  Ao me levantar. tinha arranhões nos braços, costas e pernas. Gritava desesperado de medo, tremia e agradecia por estar vivo, olhei para os lado e vi Felipox e Glaydstone chegando em meu auxilio. Ao olhar bem para o tempo, vi que a correnteza tinha diminuído junto com a chuva. Sai daquele ponto ajudado por amigos e encontramos Davigorn, George Kid e Antonilo que contaram o que se passou lá em cima.

  Fomos pra casa caminhando (uma caminhada de 3 horas) e eu fui muito nervoso para casa depois do que tinha acontecido. Ao chegar, minha avó estava em casa me contando que minha mãe tinha ligado aperreada, pois sonhará poucas horas antes comigo chorando pedindo ajuda. Eu contei para minha avó toda a história, ela começou a chorar e me deu um abraço apertado e amável, foi até seu quarto, tirou a sua roupa (pois tinha acabado de chegar do hospital onde dava plantão) e veio com uma cinta da qual tomei uma surra.

Lição disso tudo, aprendi que quando tudo dá errado pra você em sua vida, você apanhará bem mais forte do que já tinha apanhado da vida.

Post encerrado e perca alguns minutinhos da sua vida comentando ai embaixo. Não vai arrancar pedaços e nem vai fazer o Xvideos sair do ar. Então comente tranquilamente.

Sére e até a próxima.

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